segunda-feira, junho 4

7º CAP - 3ª SESSÃO - A ESCOLHA DO EMPREENDIMENTO

... (dou-vos a ideia, porque a inspiração veio daí...de vocês)

Imaginem, o João Garcia, a escrever o seu diário, depois de chegado ao acampamento base nº3, e a 2 de chegar ao topo
“Há quase 2 meses e meio que ando nisto e as primeiras ascensões foram canja. Carrega a tenda aqui, traz os mantimentos ali, nada de especial... Tudo muito plano...Mas agora, em dias límpidos e claros, começa a ver-se o topo... E a subida é cada vez mais dura.
A exigência do caminho leva a que trabalhemos mais em Equipa; leva-me a distribuir por todos a nossa energia e cansaço... mas subimos, com a mesma garra do início!Já todos dormem.
Daqui a precisamente 5 horas e 47 minutos estamos de pé para mais uns 15 km...

E este silêncio, apenas interrompido por um ou outro assobio do vento, leva-me a pensar:

Para quê demorar 5 meses a subir, aguentar ventos gélidos, dias de calor abrasador, neves espessas, algumas entorses e feridas, abdicar de sítios para ir e de pessoas com quem estar, privarmo-nos do conforto de um domingo à tarde à frente da televisão, se depois voltamos a descer?”
3 meses! Há 3 meses que subo.
Em Março chegámos ao acampamento base nº 1, onde pernoitamos 2 dias para descansar e carregar baterias.

Falamos da história de todos e de cada um, da pouca vontade que temos em subir este monte, vivemos a espiritualidade, sentimos pela primeira vez o sentido de ser e viver a subida ao CAP3.

Estes dias não foram fáceis.

Encontrámos uma Equipa de sherpas que se disponibilizou imediatamente para nos ensinar a trilhar os 5 meses de caminhada futura, para nos guiar na escalada que nos preparávamos para fazer, para nos orientar, nos dar pistas e para nos dar algum descanso que o caminho exigia.

Aceitamos o desafio de chegar um mês mais tarde ao segundo campo base com mais duas equipas de quem os sherpas eram também responsáveis.

Selámos um compromisso e seguimos... juntos.
Um mês depois, lá estávamos... todos... uns com mais dificuldades que outros, mas não ficou ninguém para trás.

Sentimos por esta altura a necessidade de nos apresentarmos, de dizer de onde vimos, de que é feita a história de cada um.
Celebramos.

Fim de Abril, os primeiros sinais de cansaço começam a mostrar-se. Temos um mês para chegar ao 3º acampamento base com algumas recomendações por parte dos sherpas.

Dizem eles: “preparem a chegada. Serão 2 dias em que terão oportunidade de estar lá em cima. Vejam a logística, definam a estratégia, planeiem os pormenores... Falem pelo caminho. Haverá pontos no trilho onde terão de parar, retemperar forças por breves horas, juntar opiniões, apresentar Projectos”.

Nenhuma das Equipas tem perdido o contacto. Cada uma ao seu ritmo. Encontramo-nos, por aí...
E sem nos vermos, falamos, escrevemos, deixamos sinais...

Os sherpas também têm andado atentos à nossa escalada. Ora lembrando-nos dos prazos que temos, ora avaliando a escalada que estamos a fazer.
Ainda no outro dia recebemos uma nota sobre o nosso “saber estar na montanha”! Média de 75% dizem eles...

Fim de Maio, principio de Junho, já no 3º acampamento base, ultimam-se os aspectos logísticos que nos permitem chegar ao limite.

Serão três dias, duas noites. Nem mais, nem menos.

Estou a pensar iniciar os últimos passos, sexta feira ao Forte de Alqueidão – a última grande Montanha que ainda não conseguimos escalar.

O bom tempo desse inicio de noite, vai permitir-nos iniciar o ultimo grande Projecto dessa nossa caminhada. Fisicamente não exigirá muito de nós, mas esta primeira noite servirá para garantirmos abrigo e para nos ambientarmos ao oxigénio em alta montanha.
Porque hoje, mais que nunca estou decidido a iniciar a ultima escalada destes 5 meses de caminhada. Porque hoje... ao limite eu vou

O dia seguinte começará bem cedo. Sim. É VERDADE. Poderá acabar bem tarde, mas o facto de os artistas da guitarra e afins se ficarem pela noite dentro a contemplar o que a lua cheia insistiu em não esconder, não significa perdermos a energia que os primeiros raios de sol nos querem transmitir.

Mais tarde, o luar virá iluminar um pouco mais a fogueira que faremos erguer quando o momento indicar. Será altura de nos aquecermos, de nos divertirmos.
Será O MOMENTO! Porque afinal... no limite eu estou!

O ultimo dia no topo é iniciado já com alguma dificuldade. De todo o modo a festa na noite contagia a alegria da manhã e que vai ser fundamental para nos ajudar a descer.

Mais perigosa e desgastante, descer a montanha significa encontrar a estrada. Significa saber optar, conseguir transmitir.

Descer significa irreverência, motivação.

Descer significa ter a certeza que o que fazemos, dizemos e aplicamos fica de facto bem entregue a quem, a caminho da opinião própria da definição do que é ou não importante para a vida... vive a descoberta do Projecto!
O imáginário vai ser este... o Empreendimento é da JOÃO GARCIA!

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