20 dias de notas soltas ...

Foram 20 dias, foi um Jamboree na Suécia e uns diazinhos entre amigos em Copenhaga!

20 Dias sem interrupções, sem pausas, os dias de "férias" de uns, mas valeu tão a pena que não têm noção. Havia quem dissesse que tantos dias juntos iam dar problemas, aqueles problemas normalíssimos de convivência, não fosse a experiência anterior, fosse como participante no último Jamboree em Inglaterra ou no ACANAC. Mas não! Não sei se foi da idade ser outra, da maturidade maior ou não, mas há alguém que o pode confirmar de certeza.

Nestes 20 dias vi realidades e culturas que não conhecia, reavaliei ideias pré-concebidas, vi gente queixar-se que tinha problemas com o "inglês" mas manter conversas e contar anedotas sem nenhum problema, vi amizades evoluírem e consolidarem-se. Vi espírito, sem sombra de dúvida e entreajuda, vi partilha, cumplicidade e sorrisos.

Surpreendi-me com todos e mais alguns, vi serem ultrapassados rótulos, etiquetas e posições, estive com um grupo de 9 pessoas que me continua a surpreender e a quem tenho o prazer de chamar amigos.

Gritei, cantei, vi gente chorar de preocupação e raiva, vi reclamações aos gritos em inglês por uma cadeira de rodas, corremos meio mundo pela dita e finalmente conseguimo-la.

Apanhei chuva gelada e sol escaldante, dormitei na relva, comparei e discuti as formas das nuvens e vi estrelas cadentes numa noite de Verão. Andei descalço na relva, aprendi a falar sueco e a contar em mandarim, que a língua sueca e a norueguesa são parecidas e que os "diferentes" tipos de a's (com o trema, com a bola por cima, etc) são tão complicados para nós como o ão, o lh e o ch são para os outros. Expliquei n vezes a diferença entre Portugal e Espanha e tornei mais cultas muitas pessoas pelo menos no que toca ao nosso país. Vi que os portugueses têm uma facilidade acima da média a aprender novas línguas, mas que a dita língua nunca foi nem será um obstáculo, que os doces suecos são mesmo muito bons mas que a comida deixa um bocado a desejar (pelo menos a da cantina).

Ensinei português, fiz amigos nos 4 cantos do mundo, fui um "kitchen hero" juntamente com a Ana e o Ricardo a acartar paletes e paletes e kilos e kilos de tudo e mais alguma coisa e diverti-me imenso a fazê-lo, por mais que as costas ainda se queixem. Aguentei -19ºC de t-shirt e calções (numa câmara frigorífica), aprendi jogos que vão deixar o agrupamento em êxtase nos próximos anos, ganhei um super tuga, cantei o hino nacional na praça principal e rejubilei a ver o sotaque british mais perto do que pensava!

Jantei no italiano, festejei e cantei os parabéns em português ao Pires (Obrigado pelo jantar ;D), ficámos viciados em nutela e sumo de maçã, enjoámos tostas com manteiga, apaixonámo-nos por muffins de chocolate e ficámos com os bíceps tonificados a empurrar a Joana e a sua amiga cadeira!

Fui a festas temáticas, traduzi músicas brasileiras para inglês, troquei insígnias, lenços e t-shirts, comi panquecas, descobrimos que a limonada holandesa não é feita com limões, que uma dose de batatas fritas checas é uma delícia e que os cafés delta são sempre bem-vindos. Arrepiei-me com as construções dos participantes, vi torres de vigia com escadas em caracol, pontes levadiças e portas giratórias em madeira, acendi uma fogueira com pedra e metal, cantei o hino da Damaia em plena cerimónia com os putos de azul e verde a fazer o mesmo lá ao fundo, vi danças japonesas com um sorriso nos lábios e um dragão de Hong Kong erguer-se no meio da multidão. Troquei ideias, vivências, realidades e vi sorrisos de todas as cores, idades e feitios.

Aqueci a alma com uma "perdiz", ouvi conselhos que me fizeram realmente pensar, fiquei com pele de galinha nas cerimónias, cantei o hino do Jamboree, vibrei com o Final countdown e o fogo-de-artifício final. Vi um grupo de 9 pessoas com uma união de cortar a respiração e de fazer inveja a muita gente, vi sacrifícios com um sorriso na cara e dores camufladas com gargalhadas, vi trocas de olhares cúmplices e verdadeiros abraços mudos.

Depois veio Copenhaga ...

Dormi a uns metros de altura numa cama verdadeira, comi crepes com banana e nutela, trilhei a cidade de uma ponta à outra, joguei ao "ninja" na câmara municipal e no meio do aeroporto, parei de 5 em 5 minutos para alguém tirar fotos aos elefantes, andei kms a pé e deslumbrei-me pela quantidade de bicicletas e pela organização da cidade. Tive uma panorâmica da cidade, andei de barco, vi a sereiazinha e adorei cada um dos jardins, passeei na Stroget e vibrei com a loja da Lego que nem um puto pequeno. Vi Nyhavn de dia e de noite, o render da guarda e visitei a Carlsberg, provei a famosa cerveja dinamarquesa uma e outra vez, diverti-me à grande nestes dias, mesmo nas 10 horas de escala em Frankfurt!

Obrigado por estes dias pessoal, até um dia destes!